Comprar por impulso faz parte do universo feminino, mas convenhamos que é preciso ter limites ou pelo menos bom senso. Duas atitudes que me faltaram na minha última ida a feira. Encantada com as abóboras que tomaram conta da cidade por causa do Halloween, eu, simplesmente, não resisti.
Eu queria uma bem grandona. Mas já prevendo quem seria o encarregado pelo transporte do legume gigante, o Marcos, sabiamente, vetou a aquisição. Mesmo em tamanho reduzido a minha abóbora era uma graça, e por dias posou de rainha na minha fruteira, compondo a nossa decoração de Dia das Bruxas.
Imaginando que o prazo de validade da abóbora expiraria antes do grande dia, resolvi que era hora de começar a brincadeira. Sem imaginar o grau de dificuldade da tarefa, eu não via a hora de esculpir uma carinha na minha abóbora. A primeira constatação foi o fato de não termos em casa as ferramentas necessárias. Aqui, nos Estados Unidos, são vendidos kits específicos para este trabalho. E a segunda, foi que a minha destreza para esculpir faria Michelangelo chorar de rir.
Cansado de esperar pela diversão prometida, o filhote não resistiu e caiu no sono. E eu, frustrada com a empreitada mal-sucedida parti a abóbora ao meio colocando o plano B em prática: sopa.
Com peninha da esposa, o maridão entra na cozinha com um canetão em punho e sugere: -“Por que você não desenha a carinha?”
Feliz da vida, mas sem saber por onde começar, e também, sem muito jeito para desenhar recorri ao nosso bom amigo Google. E sentadinhos admirando a nossa obra de arte, esperamos o Santiago acordar da soneca para lhe fazer uma surpresa. Como ele adora que personagens fantásticos visitem a nossa cozinha, dissemos que foi a corujinha do Halloween que havia feito a carinha enquanto ele dormia. Sem coragem de machucar a sua nova amiga, resolvi picar a outra metade para a sopa.
-“O serrote, por favor?”